Merda! E o mundo despenca sobre nossas cabeças. Perece. Distraídos com o movimento da rua que os olhos dão conta de ver, esquecemos simplesmente de olhar para o alto. Aqui em baixo: pessoas com suas neuroses andando a passos largos. Visão fosca. Fusco. Ofusco. Fuscas. Motos ensurdecedoras. Deveria haver uma previsão de revoadas, assim como a da temperatura do dia seguinte. Utilidade mesmo a TV não informa. Fatalidade. Fatilidade. Futilidade. Afinal de contas, o mundo despenca sobre nossas cabeças e a única coisa que sei, é que amanhã fará 37°. O resto é distração. Ou provocação. Ou desilusão. Ora pombas! Sorte de quem está nas alturas. “Estamos começando mais um Jornal Nacional”, avisa o bar da esquina. Merda! Sorte dos animais que voam. Se tivesse uma arma em punho despencavam três. No ibope: subiriam três. O perigo mesmo estaria em errar e ter que lidar com a bala voltando rumo a minha testa. Cusparada de merda. Chuva de chumbo. Mais um ponto no ibope. Agora, com esta praga de pombo rodeando a minha cabeça, ponto mesmo, só escorrendo pela cara. Merda!
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[renato ribeiro]