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Praça cheia. Estruturas metálicas. Tapetes de serragem. O circo foi montado! No dia em que deveria haver liberdade, tem-se o cerceamento da geral. “Posso passar pela praça Tiradentes, moço?”, pergunto ingenuamente. O outro indivíduo ‘afetivamente’ responde: “Tem crachá de identificação?” (...) urgh! Mal sabia que eu era o palhaço daquele picadeiro! Se bobear era preciso digital exposta em tela de plasma para atravessar a rua. No ponto mais alto do picadeiro pessoas de grande importância. Trapezistas, malabaristas, ilusionistas... e por aí vai a banda! Tão importante que seus nomes me fogem da cachola. A importância ocupa muito mais espaço na cabeça e como minha cabeça anda cheia demais, fica sendo aquela lá mesmo. É, esse aí mesmo. Os Barões! Tudo ali respira pura formalidade...
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(Fade in)
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- Essa bandeira é de que partido?
- Oi?!
- Essa bandeira... é de que partido?
- Um segundo. (olha para a bandeira) acho que é do...
- Ah, sim...
- Na verdade só estou aqui pelo dinheiro.
- Verdade?!
- Pagam R$30 para balançar a bandeira.
- Ah... se soubesse antes!
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(Fade out)
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... hinos, apresentações, exaltação a liberdade, (Des)valores de Minas, discursos e tiros, tiros, tiros! Um verdadeiro pagode matinal! O Tiradentes lá, de frente, ouvindo tudo quanto é palavra cuspida, babada, escarrada. Nessa hora, se fosse possível, ele se enfocaria novamente, mas desta vez por livre e espontânea vontade. E para finalizar este freakshow, a honra máxima do estado. Medalha da inconfidência jogada aos baldes! “Hei, você aí, quer ganhar a Comenda?” – perguntam. O outro responde: “Encomenda de quê?” Out! E dali discursos e mais discursos. “Sabia que a mãe do sabiá sabia que sabiá sabia assobiar”, “Três pratos de trigo para três tigres tristes”, “Um limão, dois limões, meio limão”. Por fim... "Libertas quae sera tamem". Fim do circo, esvaziamento do local, limpeza... Na cachola fica a impressão de que nada aconteceu, tal qual esta postagem...
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[renato ribeiro]