sexta-feira, setembro 02, 2011

Pés e Ipês.

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I
O inverno está indo embora, mas o ar insiste em manter-se frio. “É tempo de primavera!”, exclamou quase que num sussurro emudecido. Ipês roxos, rosas e amarelos deveriam cobrir as calçadas, escondendo as pedras desgastadas por sapatos duros e protegendo os pés descalços. Dar-lhes enfim, conforto.

II
Na sala quase escura ele ascende um cigarro e senta-se encolhidamente no sofá. Seu corpo está frio. A ponta do cigarro marca a trajetória de seu braço indo da boca ao braço do sofá, preenchendo o espaço que por hora encontra-se vazio.
O silêncio grita.

III
Seus pés descalços esperam os ipês florescerem.
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[renato ribeiro]