A porta encontrava-se fechada. Chave perdida na bolsa, roupas encharcadas. A chuva não perdoou. O que mais lhe incomodava eram os pés molhados, poça d’água dando-lhe instabilidade. Sua impaciência fazia com que a chave se escondesse por entre as vielas de sua bolsa. Becos a contragosto. De sua boca apenas uma respiração densa e palavrões em sussurros moderados, enquanto em sua cabeça uma tempestade torrencial. Seu desejo era simples: secar-se, deitar na cama, ligar a TV e pegar no sono; algo que naquele momento parecia quase impossível. Sua bolsa não colaborava. Ela desejava um pequeno feixe de luz em suas vielas, direcionando seus dedos por caminhos mais seguros. Ou pelo menos, caminhos mais ideais.
[renato ribeiro]