quinta-feira, junho 25, 2009

Auto-retrato!

Cores cansadas, cortadas, abafadas.
Cores de todos os sentidos e sabores.
Cores que preenchem, que consomem e engolem,
Cores de várias cores. Múltiplas cores.
Cores em tábuas rasas,
Pinturas em tábuas verdes
Auto-relevo tratado.
Auto-retrato manchado em cores.
Cores idiossincrásicas.

terça-feira, junho 23, 2009

Peixes e pássaros!

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[imagens emprestadas]
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Peixes assim como pássaros voam na imensidão do mar – pássaros mergulham. Uns afogam-se no ar e outros sufocam-se nas correntes das águas escuras e frias em que vivem. Peixes e pássaros procuram sempre por outros semelhantes para deslizarem por entre caminhos desconhecidos e quando perdidos se tornam presas fáceis de predadores maiores e mais espertos. Os pássaros assim como os peixes estão presos no que lhes servem como símbolo de liberdade. No ar e na água – os peixes afogam-se, os pássaros sufocam-se.
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[renato ribeiro]
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Confira o conto "Quando nos casarmos" do escritor e amigo Carlos Renatto.

quarta-feira, junho 10, 2009

Embarque e desembarque!

Embarques e desembarques. Toc, toc, toc. O salto do sapato ecoa longinquamente. Malas entupidas de pertences pessoais etiquetadas e carregadas ao bagageiro. Ali ninguém parece conhecer ninguém e nesse descaso de desconhecidos, salvam-se apenas acenos de cabeça. Sempre! Freqüência e rotina dos horários. Sempre! Mesmoshoráriosmesmasfeiçõesmesmos-nos. E o acaso fica por conta do toc, toc frequente. Toc...Volta apressada a mulher como se os segundos a engolissem e a regurgitassem. No fim das contas tudo se resume a isso: batidas de sapatos no lugar de conversações vazias. Motores ligados, todos se acomodam ligeiramente nos ônibus enfileirados. “Rumo à França com segurança!” – grita um apressado. E todos quase que no mesmo instante se entreolham. Desconhecidos e desconhecidos. Se fosse um embarque aéreo seria ainda mais inoportuno. De semelhança aparente entre eles apenas a pressa, a não ser que o ônibus de fato desapareça nas curvas da estrada, ou num verde oceânico de folhas queimadas pelo frio. E eu solitariamente sentado nos banquinhos da rodoviária, conservo meus olhares perdendo-se por entre rostos que se entreolham discretamente. MP3, MP4, MP5010, todos enganosamente disfarçam a curiosidade de saber os motivos pelos quais os horários se cruzam. Embarque na A. Desembarque na H e novas pessoas. Entre rostos desconhecidos um que sobressalta ao acaso, como se houvesse comigo hora marcada. Transporte. Trans. Porte. Calça jeans, camisa branca, boné, olhos translúcidos e fone de ouvido. MPalgumacoisa. Toc, toc, toc. E a mesmíssima mulher agita-se ainda mais ao encontrar este “porte” com um abraço invejável. A sensação de esperar o regresso talvez seja melhor que a de partir sozinho, ou a de voltar. Motores ligados. Embarque. “Rumo à França com segurança”, pensei silenciosamente comigo. Afinal, quando não tem por quem ir ou voltar, perder-se em novos ares soa tentador.
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[renato ribeiro]