sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Que o teto desabe!

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A casa estava morta.

O escuro e o silêncio da noite tomavam conta de tudo. Da sala, do quarto, de sua mente. Uma aspirina, um copo d’água e sua cabeça despencara no travesseiro como se pesasse uma tonelada. Isso porque os pensamentos estavam adormecendo.

Ele não voltaria mais, e se voltasse nada seria como antes.

Ela queria, por uma noite a mais, sentir o peso do corpo dele sobre o seu. Ver ao seu lado o lençol desenhando as curvas de seu corpo.

Ela queria...

O tempo escorria vagarosamente e, sem muito que fazer, ela revisava em sua mente a imagem das rachaduras no teto de seu quarto escuro. Por enquanto nada demais, mas era sabido que aumentariam, que as manchas escureceriam mais.

A umidade se espalhava.

Ela cultivava a certeza de que o teto, uma hora ou outra, não aguentaria e cairia sobre sua cabeça e por isso tamanha admiração. Sem o teto teria não mais rachaduras e manchas, mas o céu vestido de estrelas.

Ela apenas queria...

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[renato ribeiro]