sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Que o teto desabe!

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A casa estava morta.

O escuro e o silêncio da noite tomavam conta de tudo. Da sala, do quarto, de sua mente. Uma aspirina, um copo d’água e sua cabeça despencara no travesseiro como se pesasse uma tonelada. Isso porque os pensamentos estavam adormecendo.

Ele não voltaria mais, e se voltasse nada seria como antes.

Ela queria, por uma noite a mais, sentir o peso do corpo dele sobre o seu. Ver ao seu lado o lençol desenhando as curvas de seu corpo.

Ela queria...

O tempo escorria vagarosamente e, sem muito que fazer, ela revisava em sua mente a imagem das rachaduras no teto de seu quarto escuro. Por enquanto nada demais, mas era sabido que aumentariam, que as manchas escureceriam mais.

A umidade se espalhava.

Ela cultivava a certeza de que o teto, uma hora ou outra, não aguentaria e cairia sobre sua cabeça e por isso tamanha admiração. Sem o teto teria não mais rachaduras e manchas, mas o céu vestido de estrelas.

Ela apenas queria...

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[renato ribeiro]

7 comentários:

Thaiz Cantasini disse...

Densidade adocicada regando tua gramática, teu vocábulo.
Não pare de escrever, Renato!
Umidade das idéias, inundações e enchentes ferteis: para conduzir e amparar idéias tão bonitas para a tela fria e calculista.
E que o teto desabe!

fernanda farrenkopf disse...

muito bom seu texto (:
e como a thaiz disse, que o teto desabe!

Tarssio disse...

Gostei também.Muito bom seu texto Renato.Que o teto desabe ou não...

http://tarssiodisa.blogspot.com/

Anônimo disse...

Adorei *.*
sigo*

Unknown disse...

-xxx-

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Lúcia Soares disse...

estive aqui e gostei muito!vou te seguir.....beijo!