domingo, janeiro 04, 2009

Mar.


E mais uma onda repousa sobre a areia quente, tão devagar quando o vôo do pássaro para além mar. Meus olhos acompanham o vai e vem dançante da água salgada, como num ninar manso e solitário. Dela não se sabe o que dizer, tão pouco o que esperar. Ao meu lado, tão suave quanto à brisa que transcorre o mar, ele observa atentamente a paisagem assim como eu, e dele também não tenho o que dizer, nem o que esperar. Bem como circulam imperceptivelmente pelo ar, os grãos de sal, meus pensamentos perpassam por longas conversas, sem ser sentido, nem absorvido pela pele do seu rosto, e nem uma imensidão esverdeada, ilustrada pela subtileza dos sons, fariam dos meus pensamentos correntes fortes, capaz de despertar por segundos, um outro olhar que não este que gentilmente me é oferecido. Desta forma, observo com cautela todos os segmentos presentes, como numa tentativa falida de montar um quebra-cabeça de areia.
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[renato ribeiro]

Um comentário:

Guilherme disse...

Saudades, sim
O mar tem de ti
O mar triste e só
Depois do dia em que tu partistes, ó

O mar e nós
Amigos fiéis
Amigos leais
Aqui a esperar teus novos sinais

Dinamarca (Milton Nascimento/Gilberto Gil)