segunda-feira, dezembro 01, 2008

Flores.

(diálogo interior)

1- Hoje, como todos os dias, as flores do jardim perderam algumas de suas pétalas com o soprar dos ventos. Cada pétala seguiu o seu caminho.

2- Ontem eu vi como aconteceu. Caules verdes, pétalas cor de fogo num imenso campo.

1- Flores de fogo.

2- Com raízes bem profundas pelo o que parece. Certa vez perdia horas do dia tentando descobrir o tamanho de suas raízes. Utilizando uma pequena pá, cavando pela borda para que não a machucasse, fui retirando a terra e observando as suas raízes.

1- São como todas as raízes.

2- Não são. Estas são mais intensas que as outras “raízes de flores”. São mais fortes.

1- Em flores tão delicadas?

2- As raízes que não se mostram, são raízes amargas.

1- Nem as conhecem. E nem sequer chegou a ver até onde elas chegavam.

2- Mesmo assim eu senti o amargo. Não pelo gosto, mas pelo cheiro. As pétalas perfumadas e a raiz de odor amargo.

1- É o que acontece quando se tenta cavar fundo. Às vezes só olhar o intensidade da cor de cada pétala já basta para sentir prazer.

2- É o que acontece quando se tenta tocar, mesmo sendo flores sem espinhos.

1- Ainda bem que suas pétalas voam com o vento. Com o tempo o encanto acaba. Com o vento vai-se o prazer.

2- E as raízes permaneceram bem profundas.

1- Então não cave mais. Espere até a próxima primavera. Novas pétalas, novos prazeres.

2- Acompanhado de novos ventos...

1- É assim em todos os tempos.

2- Em todos os tempos.

(renato ribeiro)

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