terça-feira, dezembro 23, 2008

Grilos.

Numa esquina dois...
Levemente escura e quase silenciosa.
E nesta noite não se ouvem os grilos,
Todos emudecidos.
Pelo ar, as respirações sobressaltam em pura volúpia.
Respirações mais quentes que o normal - densamente leve.
Da luz que vem do poste, vê-se apenas o sereno fino, quase seco.
E os dois, com os olhos sutilmente cerrados.
A neblina e o sereno que os encobrem, completam este estado,
Firmando um momento completo de silêncio e apneia.
Teus olhos. Seus olhos. Bocas úmidas e braços entrelaçados.
Entre os dois apenas um estado, sem palavras. Dois...
Pela rua, longínquos passos ecoam serenamente,
Preenchendo por um instante, o que deveria permanecer vazio.
Passos, vozes fracas, vapores voluptuosos
E olhares curiosos desejando ver mais do que o permitido.
Melhor seria se estes dois ouvissem apenas seus grilos.
E por fim, tão silencioso como escuro,
Os teus e os seus, de olhos bem aberto,
umedecem mais a boca e entrelaçam ainda mais seus braços.

[renato ribeiro]

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